De quem é a rua no Carnaval?

No dia 03 de março de 2025, o Bloco Vai Dá Boa apareceu na Praça Elis Regina. Mas não como queria. Não como sonhava. Sem apoio financeiro, sem logística, sem estrutura da Prefeitura, o bloco precisou se reinventar. O desfile? Não aconteceu. Mas isso não nos calou.

Em vez de multidões ocupando as ruas, vimos telas brilhando. Em vez de corpo a corpo, os dedos deslizam nas notificações. Mas ali, no meio da praça, a batucada resistiu. Simples e potente. Nosso batuque. Nossas marchinhas. Nossos corpos presentes.

São Paulo, uma cidade que se orgulha de ser vanguarda, trata o Carnaval como um detalhe, um ruído, algo que pode ser esquecido. Mas nós acreditamos na cultura de rua, na energia do encontro, no calor humano. A rua não pode ser vendida. Não pode ser privatizada. A rua é nossa.

E então perguntamos, cantamos, gritamos: de quem é a rua? Da Ambev? Do prefeito? Das empresas privadas? Ou dos foliões?

O Vai Dá Boa segue firme. O Offline segue na pele, no suor, nos olhares. Que no próximo ano, o Carnaval resista mais forte, mais vivo, mais presente.

Porque a cidade é nossa.

03/03/2025 na Praça Elis Regina no Butantã