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Instagram: A Pirâmide Digital que Te Vende Sonhos e Te Deixa na Miséria

Greta Lopes
Fundadora e CEO da Casa Offline, mestre em Artes Cênicas pela UNESP

 

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20.ago.2024 às 12h00
Instagram: A Pirâmide Digital que Te Vende Sonhos e Te Deixa na Miséria

A economia do Instagram, com sua promessa de fama e riqueza, funciona de maneira semelhante a um esquema de pirâmide, onde o valor é gerado e distribuído de forma desigual, beneficiando poucos enquanto a maioria contribui com seus esforços sem obter retornos proporcionais. No cerne dessa dinâmica está a dependência do crescimento constante de seguidores e engajamento, que é essencial para o sucesso na plataforma. Influenciadores e criadores de conteúdo precisam continuamente atrair mais pessoas para manter sua relevância e potencial de ganho, criando uma espiral infinita de busca por mais seguidores, semelhante à estrutura de um esquema de pirâmide, onde os lucros dependem da entrada de novos recrutas.

Assim como em uma pirâmide financeira, o Instagram vende a ideia de que qualquer pessoa pode alcançar sucesso financeiro e fama se conseguir acumular uma grande base de seguidores. Essa promessa de retornos elevados e rápidos atrai milhões de usuários que investem tempo, dinheiro e energia para crescer na plataforma, esperando atingir o topo da "pirâmide" digital. No entanto, assim como no esquema de pirâmide, a distribuição de valor no Instagram é assimétrica. Uma pequena porcentagem de criadores de conteúdo, aqueles que estão no topo da hierarquia, acumula a maior parte dos ganhos através de parcerias, patrocínios e anúncios, enquanto a grande maioria dos usuários fica com pouco ou nenhum retorno financeiro, formando a base da pirâmide.

A sustentabilidade desse modelo é questionável. A busca incessante por mais seguidores e engajamento leva muitos a adotar práticas insustentáveis, como a compra de seguidores falsos ou o uso de bots para inflar números de engajamento. Essa dinâmica reflete a insustentabilidade de um sistema que depende do crescimento constante para manter seus participantes satisfeitos, semelhante ao colapso inevitável de uma pirâmide financeira quando novos recrutas param de entrar. No Instagram, o "produto" real não é tanto o conteúdo, mas a atenção dos usuários. As marcas e anunciantes pagam por essa atenção, enquanto os usuários, muitas vezes sem perceber, vendem seu tempo e dados em troca de curtidas e seguidores. Isso se assemelha ao funcionamento de um esquema de pirâmide, onde os novos recrutas são o verdadeiro produto que sustenta os ganhos daqueles no topo.

Essa estrutura de valor desproporcional expõe o risco de desvalorização que muitos perfis enfrentam no Instagram. Perfis que não conseguem acompanhar o ritmo frenético de crescimento e engajamento tendem a perder relevância rapidamente, já que o algoritmo da plataforma favorece aqueles que estão em constante ascensão. Assim como em um esquema de pirâmide, onde os últimos a entrarem perdem dinheiro quando o esquema colapsa, perfis no Instagram que não conseguem manter o crescimento necessário para atrair atenção e gerar engajamento veem seu valor desmoronar.

Em última análise, o Instagram pode ser visto como um grande esquema de marketing multinível, onde a ênfase excessiva no recrutamento — no caso, na atração de seguidores — ofusca a venda de produtos ou serviços reais. A plataforma incentiva seus usuários a entrar em uma corrida interminável por relevância, sem garantir que essa relevância se traduza em benefícios tangíveis para a maioria. Assim, a economia do Instagram, com sua promessa de sucesso fácil e rápida ascensão, reflete a essência de um esquema de pirâmide, onde poucos ganham muito, enquanto muitos investem seus recursos sem obter retorno proporcional.
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