O Impacto Energético das Redes Sociais
O Impacto Energético das Redes Sociais
19.ago.2024 às 12h00
As redes sociais são uma parte essencial de nossas vidas modernas, conectando pessoas em todo o mundo e permitindo a troca rápida de informações e ideias. No entanto, o que muitos não percebem é o impacto energético que nossas atividades digitais podem ter. Desde a postagem de uma simples foto até a reação em um tweet, cada ação consome energia. Embora individualmente essas ações possam parecer insignificantes, coletivamente, elas representam um consumo substancial de energia, impactando severamente o meio ambiente.
Cada postagem na internet, seja uma foto no Instagram ou um tweet no Twitter, consome energia em várias etapas. A primeira delas envolve os servidores, responsáveis por hospedar e processar os dados. Data centers, que armazenam essas informações, são conhecidos por seu alto consumo energético. Estima-se que o consumo de energia de data centers em todo o mundo seja responsável por cerca de 1% do uso global de eletricidade. E essa porcentagem pode aumentar consideravelmente nas próximas décadas, à medida que a demanda por armazenamento e processamento de dados cresce. Um estudo da Nature Communications destacou que, até 2030, o uso de eletricidade por data centers pode aumentar em 3-13%, dependendo da eficiência energética das novas tecnologias.
Além disso, a transmissão dos dados pela internet, seja via redes móveis ou de fibra ótica, também consome energia. Transferir 1 GB de dados pode gastar entre 0,1 a 0,2 kWh, dependendo da infraestrutura da rede. Isso se soma ao consumo dos dispositivos que usamos para criar e acessar conteúdos nas redes sociais, como smartphones, tablets e computadores. Um smartphone, por exemplo, pode consumir cerca de 0,0001 kWh por minuto de uso. Embora pequeno, o uso acumulado desses dispositivos contribui significativamente para o consumo total de energia.
Para ilustrar o impacto dessas atividades, uma simples postagem com texto e imagem, que gera aproximadamente 1 MB de dados, pode consumir cerca de 0,00022 kWh. Apesar de parecer uma quantidade mínima de energia, considere a escala global: bilhões de postagens são feitas diariamente em plataformas como Instagram, Twitter e Facebook, o que multiplica o impacto energético.
Mesmo ações aparentemente triviais, como curtir uma postagem, também consomem energia. A soma do consumo de energia dos servidores, redes de comunicação e dispositivos do usuário resulta em aproximadamente 0,000021 kWh por "like". Embora esse valor seja pequeno, a escala da atividade torna o impacto considerável. Por exemplo, Neymar, um dos atletas mais seguidos nas redes sociais, pode receber milhões de "likes" em um único tweet. Se considerarmos um tweet que recebe 2,4 milhões de curtidas, o consumo de energia associado seria de cerca de 50,4 kWh, o que é aproximadamente equivalente ao consumo de um ar condicionado de 1 kW funcionando por 50 horas.
Para termos uma ideia ainda mais clara do impacto, podemos considerar o consumo total de "likes" no Instagram no Brasil. Estima-se que os usuários brasileiros da plataforma (aproximadamente 99 milhões) recebam, em média, 6 bilhões de curtidas por mês. Isso resultaria em um consumo total de energia de cerca de 126.000 kWh, equivalente ao consumo energético mensal de aproximadamente 787 residências brasileiras médias. Para melhor compreensão, 1.039 megawatts-hora (MWh), que é uma estimativa do consumo mensal de "likes" no Brasil, é equivalente ao consumo mensal de energia de cidades pequenas, como Pirapora do Bom Jesus (SP) ou Joaquim Távora (PR), com populações entre 10.000 e 20.000 habitantes.
O impacto energético do uso excessivo das redes sociais é significativo e merece atenção. A conscientização sobre o consumo de energia associado a nossas atividades digitais pode nos motivar a adotar práticas mais sustentáveis, como reduzir o número de postagens e curtidas, otimizar o uso de dispositivos e apoiar a transição para data centers mais eficientes e movidos a energias renováveis. Cada pequena ação conta. Ao entender o custo energético das nossas interações online, podemos contribuir para um uso mais consciente e sustentável das redes sociais, reduzindo nosso impacto ambiental e preservando recursos para as futuras gerações.
Carolina Tomaz e Greta Lopes
(CEOs da Casa Offline)